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Para além de #TodasAsMulheresNaTecnologia: valorizando todas as mulheres

Em meus três anos no setor tecnológico e dois anos de envolvimento com o projeto Mulheres que Codificam ( Women Who Code), eu me deparei com muitas mulheres que estão criando ou se esforçando para criar formas no mundo tecnológico e científico. Cada história das mulheres é interessante, diferentes vivências, ambições e esforços variados.

As mulheres têm revolucionado o mundo dos computadores e tecnologia desde o comecinho da era tecnológica. Elas executaram uma função instrumental no mecanismo dos computadores e nos computadores modernos. A lista é interminável - começando por Ada Lovelace, que desenvolveu o algorítimo do primeiro mecanismo analítico, construído por Charles Babbage, até Grace Hopper, que criou o primeiro complier (um programa que traduz uma língua de programação high-level em um programa da linguagem de máquina), até os dias atuais com Ruchi Sanghvi que foi a primeira mulher engenheira no Facebook, mulheres provaram que tecnologia é sim o negócio delas.

No entanto, nem tudo é tão bom como parece. Não é segredo pra ninguém que há uma grande falta de reconhecimento e oportunidades desajustadas para mulheres no mundo tecnológico de hoje. Apesar da lista de mulheres exemplares e bem sucedidas ser bem longa, ainda há muito receio (ou talvez descontentamento) em aceitar mulheres como participantes equalitárias aos homens no espaço tecnológico. E isso não acaba com as mulheres. Há outros grupos que são imensamente mal representados no mundo STEM, incluindo a comunidade LGBT, pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoas com histórico não tecnológico e pessoas negras. Mas evitarei de entrar em detalhes, porque as razões são muitas e variadas, e seria preciso uma coluna especial para abordar essas questões. Contudo, os pontos discutidos nesse artigo contém amplamente a verdade, se não completamente, para qualquer grupo mal representado.

Muitas organizações ao redor do mundo fazem a campanha “mulheres na tecnologia”, focando em construir uma atitude poderosa de mulheres no mundo STEM. Mas vamos falar de coisas reais agora? Essas empresas precisam fazer muito mais do que contratar para garantir que não há uma maior captação de mulheres em empresas de tecnologia, mas também uma maior representação de mulheres nos cargos superiores. É sobre criar um ambiente que seja propício e motivador para o desenvolvimento dessas mulheres. Mulheres deviam ser avaliadas com base na sua paixão pelo seu trabalho, dedicação e sua luta não só para se tornarem melhor no que fazem, mas também por trazerem créditos para a organização que estão envolvidas.



Ao meu ver, há alguns aspectos muito importantes que as organizações precisam começar a se preocupar. Alguns desses aspectos estão listados abaixo, mas não é de nenhum jeito uma lista aprofundada.
  • Fazer com que as mulheres se sintam incluídas e são importantes para a empresa. Fazê-las parte da sua essência. Ouvi-las, ser solidário com elas e criar espaços para que elas se desenvolvam. Isso não significa que elas precisam que você segure a mão delas; apenas significa que elas não devem ser afastadas toda vez que elas querem aproveitar uma oportunidade.
  • A necessidade de orientação não é salientada o suficiente. Mulheres experientes deveriam se aproximar e servir de exemplos para mulheres mais jovens. Olhando para o passado, sinto que não ter orientadoras foi o maior obstáculo entre mim e minhas aspirações. Agora que eu conheci tantas orientadoras incríveis nos últimos 3 anos, eu sei como é importante para você ter alguém para confiar, contar suas ambições e sonhos e contar com o apoio para continuar prosseguindo, mesmo nos momentos mais difíceis. Ter um orientador assim como ter um sponsor de carreira é absolutamente fundamental. Como uma cientista de dados, pessoalmente me beneficiei enormemente de um dos mentores da Thoughtworks, Sara-Jayne Terp, que me ajudou a desenvolver meu interesse em “Dados para o Bem Social” e me apresentou a alguns dos meus atuais colegas nesse ramo, os quais nunca teria sido sortuda o suficiente de conhecer de outra maneira!
  • Como dizem, qualquer coisa em excesso é ruim. Isso é verdadeiro para aqueles que são muito expressivos em relação a “mulheres na tecnologia”. A atribuição contínua do sucesso de alguém apenas devido ao seu gênero se torna prejudicial não só a eles, mas para toda a comunidade. Sucesso, e até falhas, devem ser atribuídos à pessoa. Uma mulher de destaque deve sentir-se que seus sucessos são os resultados de suas capacidades e habilidades, não apenas porque ela é uma mulher. Eu me retorço toda vez que palavras como “feminina”, “mulher”, etc, são acrescentadas para descrever uma mulher de sucesso, mas palavras como “masculino” e “homem” nunca são acrescentadas para descrever seus equivalentes masculinos.  
  • Se você observar as estatísticas dos últimos dois anos, os números acerca da diversidade em locais de trabalhos estão mostrando sinais positivos, pelo menos para ramos de software e de tecnologia. As empresas deveriam adotar e valorizar isso. De tempos em tempos, também é necessário e parar e reconhecer quão longe chegamos e não apenas destacar os problemas. Há algumas mulheres  incríveis por aí que estão transformando esse mundo - seja em tecnologia, ciência, bancário, varejo, finanças ou qualquer ramo. Eu fico inspirada ao falar sobre essas mulheres e seus feitos. Fui muito sortuda de me deparar com mulheres incríveis, muitas no meu ambiente de trabalho, e elas me inspiraram além do que posso descrever. Nunca há falta de modelos femininos perto de nós.
  • Uma coisa que é altamente prejudicial para o sucesso das mulheres, é a exigência de se provarem o tempo todo. Confiar que elas podem (e vão) fazer um bom trabalho e as dar o mesmo espaço para falhas assim como um homem teria. Falhas não deveriam significar o fim da carreira de uma mulher. Frequentemente, a maioria das mulheres que saem do ramo ou aquelas que ficam mas não assumem oportunidades, são as mesmas que não tem um espaço seguro e um sistema de apoio no caso de falharem.
Beyond #WomenInTech: Making Every Single Woman Count

Há muitas organizações populares, como Women Who Code, Black Girls Code, Girls Who Code etc, que focam em mulheres nos ramos STEM e as dão oportunidade de redefinir suas carreiras. Se você está realmente interessado em inclusividade, não transforme isso em uma jogada de marketing. Vá além da visibilidade e faça coisas que realmente importam. A visibilidade virá automaticamente.

Mais do que nunca, estamos vendo mais mulheres em cargos executivos. Elas comandam algumas das 500 empresas de maior capital, gerando bilhões em faturamento. Sheryl Sandberg, Indra Nooyi, Ursula Burns, Chanda Kochhar, e duas das minhas inspirações pessoais, Rebecca Parsons e Vidya Laxman – esses são apenas alguns nomes de mulheres que desafiam o cenário atual e estabelecem uma base próspera para inspirarem outras mulheres e desenvolver uma carreira gratificante, bem sucedida.

A implacável declamação insinua à exclusividade, quebrando o fundamento de exigência de mulheres na tecnologia - inclusividade. “Mulheres na tecnologia” não é sobre relutância ou sobre receber tratamento privilegiado. O que precisamos é igualdade e a mesma consideração que qualquer pessoa habilidosa merece. Precisamos da mesma valorização e recompensas pelo nosso trabalho que seriam dadas a homens. Não queremos que o diferencial seja nosso gênero, mas sim a qualidade do nosso trabalho, as perspectivas alternativas que oferecemos e o valor que acrescentamos. Não queremos ficar nos provando. Estamos fazendo isso há muitas décadas. Então, vamos tentar romper esta fachada e impulsionar à inclusividade real e diversidade no nosso local de trabalho.

Esse artigo foi originalmente publicado aqui.

Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.

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