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Por que escolhi ser consultor?

Por que escolhi ser consultor?

Eu sempre admirei as pessoas que eram capazes de se inserir num problema, identificar as causas e trabalhar soluções, principalmente quando havia uma colaboração com as demais pessoas envolvidas. Eu queria entender as peculiaridades do negócio e trazer a solução tecnológica mais apropriada para o contexto. E isto me trouxe até a Thoughtworks.

 

Nestes dez anos na Thoughtworks, colaborei em diversos produtos, atuando em setores bem variados: varejo, imobiliário, financeiro e bem-estar. Em alguns produtos, eu cheguei quando as iniciativas já estavam em andamento; em outros, eu pude participar de etapas iniciais. Nestas transições de indústria e produto, eu acabei desenvolvendo a capacidade de falar de tecnologia com pessoas não técnicas com mais facilidade, principalmente quando tenho que falar do valor que uma solução pode trazer.

 

Eu penso que encontrei na consultoria uma forma de atuar que me deixa bastante satisfeito: ao mesmo tempo que tenho que tratar de objetivos de negócio, eu preciso entender mais e mais de tecnologia para apresentar alternativas que melhor se aplicam ao negócio. E essa tarefa só é bem sucedida quando eu construo relacionamentos com pessoas nos mais diversos papéis, das pessoas mais técnicas às mais executivas.

 

Tenho para mim que a melhor parte de ser consultor é transitar entre domínios e se adaptar aos contextos. É preciso manter uma atenção especial para se preparar para o desconhecido, se é que isso é mesmo possível.

 

 

Desafios

 

Claro que existem algumas dificuldades. Por exemplo, fica a nosso cargo desbravar a rede de informações das nossas clientes para que consigamos tomar as decisões com maior precisão. Há também a necessidade de influenciar na remoção de alguns vícios das organizações.

 

Tudo isso acaba gerando conflitos e conversas difíceis com pessoas que não estão a fim de ver mudanças, e portanto a gestão de relacionamento passa a ser uma habilidade muito relevante.

 

E, claro, há o constante desafio de manter o conhecimento e a prática em atualização contínua: quais são as novidades nas tecnologias em que mais tenho experiência? Além disso, mesmo eu me considerando mais generalista, sinto que preciso colocar na balança alguma especialização também. A busca por conhecimento é uma constante, sempre tendo em mente que é importante ter flexibilidade para lidar com áreas de conhecimento diferentes e mudanças contínuas. 

 

 

Consultoria ou produto

 

Antes de vir para a Thoughtworks, eu estava inteiramente dedicado a um produto e, honestamente, vejo pouco diferença na forma com a qual trabalho hoje em dia. Digo, eu entendo que um serviço de consultoria bem prestado depende muito da dedicação a entender o produto (ou os vários produtos) em questão; dominar o negócio da cliente.

 

Da mesma forma, penso que um trabalho bem feito em um produto exige o exercício de consultoria. Quando há a dedicação a um produto, temos a oportunidade de questionar algumas escolhas feitas no passado e propor novas formas de lidar com o problema utilizando ferramentas mais atuais; influenciar na introdução de novos processos; dialogar sobre o valor que será retornado no caso de adoção de uma alternativa proposta.

 

Eu entendo que tenho um viés muito forte em dizer que prefiro consultoria. Mas, ao mesmo tempo, não me sinto apto a elencar a diferença entre uma forma de trabalho e outra. Tenho a convicção de que um trabalho bem feito, como no parágrafo anterior, é uma combinação de formas de atuação. Mesmo assim, sigo na consultoria, onde sinto propriedade de diversos produtos, cada um no seu tempo.

 

 

Maiores lições

 

Em retrospecto, vejo meu primeiro engajamento na Thoughtworks como um passo significativo na minha jornada. Eu fazia parte de um time de pessoas consultoras da Thoughtworks que foram convidadas para ajudar num produto que já estava com uns dois anos de atraso. Detalhe: as pessoas que já cuidavam do produto não queriam ajuda de fora. Então, de início, havia o desafio de construir um relacionamento com pessoas que não nos queriam ali.

 

Nós da Thoughtworks já éramos pessoas com origens bem diferentes: pessoas de diferentes regiões do Brasil e uma pessoa da Índia, cada uma com sua experiência profissional diferente da outra. E nos juntamos a um outro time também diverso, e eu aprendi logo que construir bons relacionamentos era importantíssimo para o sucesso do engajamento.

 

O escopo deste time cobria a migração de um catálogo de produtos de um banco de dados relacional com quase uns dez anos de história, para um banco de dados orientado a colunas. Para a gente, não parecia a melhor ferramenta para o cenário. Porém, à medida que navegávamos na organização e nos familiarizávamos com os objetivos de negócio, percebemos que havia uma estratégia por trás, relacionada a como uma plataforma de dados estava sendo construída. Além do quê, a escolha pela tecnologia tinha sido feita muito tempo antes de nos juntarmos à equipe.

 

Este engajamento, sem que eu percebesse, foi o pontapé para que eu sempre procurasse entender a motivação por trás das escolhas feitas antes da minha chegada. Certamente há uma visão de longo prazo que influencia várias outras iniciativas.

 

 

Lidando com restrições

 

O trabalho com clientes muitas vezes envolve uma constante avaliação do quanto devemos insistir numa ideia. Eu vi um grande número de colegas tendo que lidar com a frustração de querer introduzir ferramentas modernas, mas a inércia e todo o contexto de algumas clientes dificultava essa introdução. E um ponto que eu costumava levar para estes times era o desafio de buscar oportunidades de inovação em alguma outra área. Por exemplo, talvez não desse para atualizar a versão de uma linguagem de programação, mas dava para introduzir uma biblioteca de testes mais moderna; ou talvez não tivéssemos a oportunidade de fazer pipelines de integração contínua como código, mas era possível introduzir testes de contrato.

 

Tenho a impressão de que algumas destas restrições em clientes acabam motivando os times a criar soluções de alto impacto e, aos poucos, ir convencendo clientes a repensar alguns processos decisórios. Certa vez estive num cliente onde havia muita relutância para adotar o git como ferramenta de controle de versão de código. Nossos times encontraram uma saída para utilizar o git, com o git-svn. Depois de alguns anos colaborando desta forma, conseguimos eventualmente convencer esta cliente a migrar aplicações para o git.

 

Acredito que o exemplo acima combine alguns dos princípios por trás do Manifesto Ágil, fomentando integração contínua, colaboração e excelência técnica.

 

 

Aprendizado contínuo

 

A estrutura da Thoughtworks favorece muito as conexões de pessoas com experiências pessoais e profissionais muito diversas. Certamente a exposição a tamanha diversidade potencializou meu crescimento. Quando vim para cá, conheci tecnologistas que falavam de tecnologias que eu não conhecia nem de nome. Tudo bem que algumas delas eram apenas para entretenimento, mas outras acabaram sendo muito relevantes mais tarde na minha jornada. Através de colegas da Thoughtworks, conheci Clojure e acabei escrevendo sobre a linguagem (para matar a curiosidade, o livro é este).

 

E o aprendizado vai além da tecnologia: aqui, sou constantemente convidado a romper com a forma que aprendi a enxergar o mundo e ser um aliado das pessoas que não têm os privilégios que eu tenho.

 

 

O futuro

 

Eu hoje estou numa posição de gestão aqui na Thoughtworks, e ainda assim me vejo exercendo um trabalho de consultoria quando discuto com potenciais clientes, entendendo suas dificuldades e pensando na melhor maneira de atendê-las.

 

Ainda que eu tenha, dado o papel atual, alguma perspectiva das tendências do mercado, há muita incerteza. Neste cenário, as habilidades de consultoria são fundamentais para seguir construindo as melhores soluções: adaptabilidade, colaboração, escuta, influência, negociação… E assim seguirei apaixonado pela escolha por continuar como consultor.

Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.