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Parte 5: Sociedade

O ápice da colaboração multidimensional


Por que é importante


"Sociedade" é um conceito amplo, com conotações políticas, econômicas, legais e religiosas. Mas o consenso geral é que a palavra representa um grupo de pessoas com relações organizadas, que tomam decisões coletivamente e compartilham tradições, crenças e objetivos. A colaboração eficaz está, portanto, no cerne de uma sociedade vibrante e próspera.


No entanto, a sociedade está longe de ser estática, e os poderes transformadores da tecnologia estão, sem dúvida, mudando os parâmetros das interações diárias. A tecnologia introduziu um elemento de fluidez, o que significa que as sociedades modernas podem ser ao mesmo tempo virtuais e físicas, e não estão limitadas pela geografia. À medida que as novas forças digitais modificam a conjuntura da sociedade, é vital que elas sejam aproveitadas para criar comunidades mais inclusivas, sustentáveis e com conhecimento compartilhado.

Elise Zelechowski, Head Global do Grupo de Impacto Social da Thoughtworks

"A colaboração é essencial para garantir que estamos avançando na melhor maneira possível. O setor social pode se beneficiar significativamente da colaboração com tecnologistas, por exemplo, discutindo sobre como trazer uma lente de tecnologia para resolver certos tipos de problemas."


Elise Zelechowski, Head Global do Grupo de Impacto Social da Thoughtworks

Como funciona na prática


Enquanto a tecnologia muda o movimento das placas tectônicas da sociedade, a disrupção está criando inúmeras possibilidades para construir laços, aprofundar o engajamento e testar cursos de ação sem precedentes.


“Os dados estão nos fornecendo todas essas novas ferramentas para entender as questões sociais e observar as coisas de uma maneira que não era possível anteriormente, além de contar novas histórias sobre os tipos de coisas às precisamos prestar atenção como sociedade”, explica Zelechowski.


Ela cita o Citizens Police Data Project (CPDP), do Invisible Institute, como um exemplo de colaboração cívica importante – ativando pessoas jornalistas investigativas, lideranças de comunidades e cientistas de dados – para responsabilização da polícia de Chicago. O CPDP vasculha os bancos de dados para encontrar registros de interações policiais com o público para analisar melhor as queixas de má conduta e abuso. Essas descobertas são apresentadas por meio de visualizações atraentes e mapas personalizáveis online.


O significado do CPDP se estendeu a outras jurisdições – o New Orleans Independent Police Monitor fez recentemente uma parceria com o Invisible Institute para revisar sua própria estratégia.


“A maneira como processam e entendem esses dados, e a maneira como relatam esses dados, torna mais possível para o monitor policial independente demonstrar a profundidade e a extensão da questão da má conduta policial com um novo nível de credibilidade”, diz Zelechowski.

"Perception IO" exibida no Cooper Hewitt Smithsonian Design Museum em Nova Iorque

Aproveitar as experiências da vida real para desenvolver software e capacitar a sociedade é um dos principais objetivos da Thoughtworks Arts, que facilita colaborações de vanguarda entre artistas e tecnologistas em todo o mundo – dois grupos de pessoas que normalmente não se encontram normalmente.


"Artistas são especialistas em imaginar, pesquisar, comunicar e criar possíveis futuros", diz Andrew McWilliams, diretor da Thoughtworks Arts. Isso significa que artistas geralmente são as primeiras pessoas a explorar e articular as implicações sociais da tecnologia, criando narrativas atraentes destinadas a um público mais amplo.


“Artistas estão fazendo perguntas profundas e motivadoras sobre o futuro. Ao incubar colaborações com tecnologistas, exploramos as implicações de tecnologias emergentes na indústria, cultura e sociedade”, acrescenta ele. "O que nossas clientes obtêm ao experimentar o trabalho de artistas vai além do que podem fazer amanhã, criando visões de mundo novas e mais ricas que mudam a maneira como respondem a novos riscos e oportunidades no futuro."


O impulso de testar limites já levou pessoas colaboradoras da Thoughtworks Arts trabalharem no reconhecimento de expressão facial (FER) para conduzir o enredo de um filme com base na reação emocional de pessoas espectadoras, uma produção telepresencial ao vivo de uma obra de Shakespeare usando realidade virtual, um sistema de visualização de movimento para coreografar a robótica industrial e um wearable para detecção de terremotos em tempo real. Essas iniciativas levam a tecnologia ao limite e investigam novos domínios técnicos, gerando insights e protótipos que podem ser exportados para diferentes campos.



O que pode atrapalhar


Quando se trata de colaboração social, a tecnologia pode ser uma faca de dois gumes. Inúmeras preocupações foram levantadas sobre a tecnologia alienando segmentos da sociedade, exacerbando as disparidades em torno da inclusão e da acessibilidade.


“O que mais me preocupa é que o ritmo da mudança é tão rápido que as pessoas cidadãs e as formuladoras de políticas realmente não entendem a velocidade com a qual a tecnologia evolui e molda o mundo ao seu redor. O setor privado, com todo seu poder de inovação, precisa criar fóruns com pessoas cidadãs e formuladoras de políticas públicas para discutir os tipos de tecnologias emergentes que estão sendo introduzidas no mercado e, dando um passo adiante, co-desenvolver essas tecnologias para garantir éticos e equidade nos resultados”, diz Zelechowski.


Um aspecto disso é a aplicação insuficiente de tecnologia nas escolas de bairros com poucos recursos, o que acaba por causar uma lacuna de habilidades na força de trabalho e perpetuar a disparidade de renda, principalmente quando a tecnologia se torna uma parte ainda mais fundamental da vida cotidiana.


A consultoria de gestão Korn Ferry alerta que a escassez de habilidades no setor global de tecnologia pode subir para 4,3 milhões de pessoas até 2030, custando US$ 450 bilhões em perda de produção.


Também temos aprendido muito sobre como os algoritmos de IA podem discriminar com base em gênero e etnia, devido à forma como os preconceitos históricos são incorporados aos conjuntos de dados usados para treinar redes neurais. Como McWilliams explica, a falta de transparência e responsabilidade no setor de tecnologia potencializa a ameaça de que as ferramentas digitais possam agir como um impedimento à coesão social.


“Por razões comerciais, os sistemas de IA são desenvolvidos dentro de portas fechadas, e as pessoas desenvolvedores não dão acesso às suas bases de código. Portanto, não há maneira fácil de criticar os vieses específicos desses sistemas e as armadilhas de suas abordagens”, observa ele. Por outro lado, os algoritmos de detecção de emoções escritos pela Thoughtworks Arts são de código aberto e amplamente distribuídos para inspeção pública e uso geral.



Como fazer acontecer

 

Não existe um caminho simples para a utopia impulsionada pela tecnologia, mas são necessários alguns catalisadores essenciais para ativar o mecanismo de colaboração social e mantê-lo funcionando.


1. Uma cultura de segurança e habilitação

Devem ser criados espaços em que todos os segmentos da sociedade se sintam habilitados para contribuir – e para cometer erros ao contribuir –, alimentando o diálogo e o debate.


2. Um coro de muitas vozes

À medida que novas tecnologias são difundidas e adotadas, diferentes contribuições, perspectivas e opiniões devem ser incluídas desde o início, inclusive as de comunidades impactadas.


“Reunir as partes interessadas em uma mesa redonda à medida que essas tecnologias estão sendo desenvolvidas é realmente fundamental. É uma forma de incorporar perspectivas diversas logo no princípio”, afirma Zelechowski.


3. Lideranças visionárias

Instituições, empresas e indivíduos com credibilidade podem gerenciar as peças do quebra-cabeças da mudança provocada pela tecnológica e medir o progresso da sociedade sem perder de vista o quadro geral.


Para McWilliams, trata-se de uma pessoa ou agente "que pode fazer a engrenagem funcionar, que pode solicitar e gerar diversas contribuições que ajudam a alcançar não necessariamente consenso, mas resultados produtivos em sucessão".



Principais motivadores tecnológicos 


Além das óbvias plataformas de mídias sociais e aplicativos de comunicação, uma infinidade de tecnologias emergentes pode ser incorporada para acelerar a colaboração da sociedade, incluindo blockchain, realidade virtual e aumentada, e redes hiperconectadas na Internet das Coisas. No entanto, o compromisso com o software de código aberto é sem dúvida o melhor lugar para começar.


O código aberto permite que tecnologistas compartilhem novas maneiras de trabalhar e aprendam com a comunidade em geral. Um projeto do qual Thoughtworkers particularmente têm muito orgulho é o Bahmni, um produto eletrônico fácil de usar para registros médicos, que tem como finalidade ajudar hospitais e clínicas em ambientes com recursos limitados.


O Bahmni, que começou como uma ferramenta digital criada para um único hospital na Índia, evoluiu para um sistema flexível que as comunidades médicas de todo o mundo podem baixar e ajustar para atender às suas necessidades específicas. É uma evidência de como a colaboração para responder a um problema em nível micro pode se transformar em algo orgânico, autêntico e aplicável em um contexto global.

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