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Lições aprendidas na TW Brasil em um Levante por Justiça

Somos apaixonados por fazer de uma empresa de TI um ambiente atrativo e acolhedor para as minorias. Uma de nossas frentes é buscar se esforçar ao máximo para trazer mais mulheres para o mundo da tecnologia. Sabe o que acontece quando temos êxito? Uma revolução.

O 1 Billion Rising é um movimento global para tornar visível um problema que é comum e diário: a violência contra a mulher, 1 EM CADA 3 MULHERES NO MUNDO FORAM, SÃO OU SERÃO VIOLENTADAS AO LONGO DE SUA VIDA. Esse número é grande demais para não fazermos nada.  Em 2013, fizemos a primeira edição do 1 Billion Rising dentro da Thoughtworks. Naquela ocasião, pudemos trazer à tona estatísticas e fatos impressionantes sobre a violência contra a mulher nas diferentes culturas, inclusive abordando a questão dos estupros coletivos, casamentos arranjados entre adultos e crianças, mutilação genital de meninas e várias outras formas de violência muitas vezes desconhecidas por nós.

Nesse ano de 2014, demos continuidade a este movimento, ainda que com outro foco: a violência diária que mulheres sofrem a todo o momento, desde assobios inconvenientes  até  receber salários inferiores do que colegas homens, e mesmo ser tratada como um objeto pela indústria da propaganda.  E foi assim que organizamos a nossa reação em uma semana de evento :  

Antes de tudo: envolver a todos

Entramos em contato com a liderança da empresa (de todas as principais áreas), assim como os líderes de projeto e demais pessoas influentes nos escritórios  para que os educássemos sobre a causa. A partir de então, o movimento deixou de ser apenas algo organizado por "meia dúzia de meninas" e tornou-se um evento estratégico para a TW. Os colegas homens não foram apenas convidados a nos ouvir, mas sim encorajados a fazer parte ativamente do evento ao tornarem-se multiplicadores da causa.  Ao incluirmos ativamente os homens, pudemos também compreender melhor o que deveríamos atacar, assim como definir com mais precisão quais seriam os temas que mais impactariam esse público.

Primeiro Passo: Desmistificando o Feminismo

Começamos a semana em nosso escritório de Porto Alegre abordando o básico: desmistificando o Feminismo. Mesmo sendo parte da organização do evento, eu também confundia o conceito de Feminismo com uma ideologia extremista e anti-homens. Um erro rude! Aqui discutimos como o Feminismo é, na verdade, uma ideologia anti-sexista, e como o sexismo é uma doença que afeta negativamente todos os gêneros. O Machismo perpetua o mito de que mulheres são inferiores aos homens, destruindo sua auto-estima e comprometendo seu sucesso. O valor que agregamos a uma empresa no momento em que ajudamos nossos colegas a entenderem essa simples premissa vai para além de qualquer medida.

Segundo passo: Palestrantes externos à empresa para ampliar nossa visão

Ao longo da semana, trouxemos convidados externos para falarem sobre suas experiências na árdua luta de conscientização sobre o assunto. As organizadoras da Marcha das Vadias compareceram ao escritório da Thoughtworks Recife para falar sobre seu movimento. Discutimos também o abuso do corpo feminino (tráfico de mulheres, cultura do corpo perfeito, produtização da mulher) e sobre os perigos do uso da internet na promoção desta cultura de sexismos.

Terceiro passo: Reforçando o diálogo

Como uma forma de empoderar o grupo e reforçar ideal da equidade entre gêneros, fizemos também um workshop (aberto a todos os funcionários), no qual definimos formas de remover as barreiras impostas pelos estereótipos e empoderar as mulheres.

Uma atividade particularmente interessante envolveu a coleta de relatos anônimos entre as mulheres da empresa sobre situações pelas quais elas já passaram, cujo caráter sexista resultou em claro desconforto, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho. O resultado foi (admito) surpreendente.

Tínhamos todos um pouco de medo da reação das pessoas, pois as situações expostas eram ao mesmo tempo tão comuns, mas também tão íntimas, que qualquer coisa poderia acontecer, desde a revolta até a empatia. Por sorte contamos com pessoas incríveis e sensíveis, capazes de realmente praticar a empatia, que compreenderam e refletiram sobre estes relatos. Foi revigorante ouvir nossos colegas nos agradecendo pela chance que lhes foi dada de entender por que alguns elogios podem ser ofensivos, e por que nos sentimos menores mesmo quando "não há motivo aparente."

Lições Aprendidas:

Uma das grandes lições desse movimento foi de que somos todos responsáveis pela criação e manutenção de um ambiente saudável para todos, e que estar presente em uma situação em que alguém subjuga outra pessoa, seja através de palavras ofensivas, ou mesmo de forma velada, nos faz também responsável por esta ação. Sendo assim, tomamos para nós o dever de identificar e evitar que mulheres (mas incluindo aqui qualquer minoria oprimida) siga no silêncio por achar que sua voz não vale tanto quanto a do outro.

Alguns tópicos simples que podemos compartilhar aqui e que potencialmente podem tornar qualquer empresa um local melhor para se trabalhar e mais atrativo para as mulheres:

- se está em uma reunião e nota que sua colega tem algo a falar, perceba que não deve dar permissão para ela falar, mas pense em uma forma de deixá-la mais a vontade para trazer sua opinião à mesa - talvez abrindo espaço para quem não falou ainda;

- não seja conivente com comportamentos desrespeitosos.

- não reinforce com seu silêncio a opressão de uns e, sempre que possível, sirva de voz para aqueles que não se sentem confortáveis para fazê-lo;

- não permita que seus amigos façam para qualquer mulher aquilo que você não gostaria que fizessem para você ou para uma mulher que você ama. Assobiar para uma mulher na rua (sendo esse um exemplo simples do que pode ser uma invasão de privacidade bastante séria) nos faz sentir tão importante quanto um brinquedo;

- se tens medo de ser assaltado na rua ao sair à noite, saiba que uma mulher tem medos bem piores;

Considere essa pequena lista para criar um ambiente seguro e respeitoso para todos, mas não se limite a estes pontos: converse com suas colegas e amigas, entenda o que as faz sentir medo, vergonha ou raiva, e comece a mudar suas ações em relação a elas. Mais que entender as mulheres e a sua condição difícil imposta pela sociedade, seja um multiplicador e faça com que mais pessoas abram seus olhos para essa triste realidade. Quem sabe logo teremos mais homens conscientes, mais mulheres seguras e, consequentemente, mais pessoas felizes?

Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.

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