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[Parte 1] Os problemas com os MVPs na substituição do legado

Então, você é gerente de produto e após seu sucesso no lançamento de um novo produto no ano passado, você uma promoção para gerente de produto do principal produto de sua organização, o “monstro monolítico de 20 anos de idade”, ao mesmo tempo que a organização embarca numa necessária iniciativa de modernização. Há um pouco de cheiro em torno da transformação, e muitos de seus stakeholders estão pressionando por um MVP (produto mínimo viável). Eles ouviram dizer que essa é uma boa prática, então qual deveria ser o MVP para isso? Você está lutando para encontrar um que faça sentido e, por isso, agora você está pensando que pode não estar à altura do trabalho. Não se estresse! Não é você, é o MVP. Ele não está à altura do trabalho. Vamos revelar por que o MVP não é a ferramenta certa para a modernização do legado.


Em primeiro lugar, deixe-me afirmar que, de modo geral, acho que um MVP é realmente uma boa ideia. É uma ótima maneira de fazer aquilo a que se destinava, testar uma hipótese de mercado com recursos mínimos. O problema é que as pessoas continuam usando ‘MVP’ no contexto da modernização do legado. Você não está testando o mercado aqui, você já conhece o mercado. Na verdade, você deve ter dados reais sobre como o mercado se sente em relação ao seu produto. Entretanto, você está, em algum grau, tentando fazer algumas mudanças organizacionais e um MVP não vai ser suficiente. Eu gostaria de explorar algumas razões pelas quais ele não vai funcionar e propor algumas alternativas. Apertem os cintos para um passeio turbulento!


Primeiro, um pouco de contexto. Aqui temos uma das melhores ilustrações do que é um MVP:

Você inevitavelmente já viu alguma versão disto e é uma ótima maneira de fazer um MVP. Cada iteração do produto ainda é uma “coisa” valiosa em si e é apenas a maneira mais enxuta de responder à necessidade de um cliente para que você possa aprender como seu mercado vai responder. Esta visão e seus sucessos palpáveis foram uma lufada de ar fresco para o desenvolvimento de software em geral, não apenas para startups.

 

Eu sugeriria que sua popularidade emergente em projetos de modernização de legados está ligada à taxa de fracasso para estes tipos de projetos. O ‘MVP’ assumiu a aura de uma ‘bala de prata’, uma forma de provar que este não será apenas mais um projeto de migração de legado fracassado ou apenas uma forma de conseguir um orçamento mais aceitável além do limite. Ele se tornou uma vítima de seu próprio sucesso, muitas vezes reduzido a R0.1 com um conjunto mínimo de funcionalidades que nunca mais vai ser construído, apenas para dizer que entregaram “algo”. Pense nos artefatos produzidos em vez do resultado. A razão pela qual parece que ele nunca consegue entregar com a esperança colocada sobre ele como uma abordagem é que não é o enquadramento correto para esse tipo de problema. Vamos um pouco mais fundo.



O sucesso do MVP como uma ferramenta nasceu no mundo do desenvolvimento greenfield. Como isso:

 

Lembra-se do skate na ilustração original? Ele pode ser uma maneira agradável de aproveitá-lo e ainda assim ir do ponto A ao ponto B – desde que você não esteja com pressa.

 

Seu sistema atual, o legado que você está procurando modernizar, no entanto, parece mais uma caminhonete completamente sobrecarregada, com três crianças gritando no banco de trás, na faixa do meio do trânsito, viajando a 80 km/h, e você está tentando chegar de São Paulo ao Rio de Janeiro ao meio-dia, esperando desesperadamente que seu velho carro não quebre durante a viagem! Um skate não é realmente uma alternativa viável para suas necessidades visíveis.

 

Há algumas boas razões para isso:

 

1. Existem MVPs para testar uma hipótese geral – você não precisa fazer isto. Se a decisão foi tomada para passar pela disrupção de substituir um sistema da empresa, geralmente há uma boa razão pela qual você tem esse sistema/processo para começo de conversa (em grande parte, porque seu negócio vai parar se você não o fizer). Se isso não for uma boa razão suficiente para não tentar encontrar um MVP, então temos...

2. Pessoas. Pessoas irracionais. Neste contexto de substituição de legado empresarial, um MVP só será encontrado com desafios, decepção e rejeição. Para entender por que vamos passear pela economia comportamental e chegar a uma solução através da psicologia do consumidor e da gestão da mudança.

 

 

Primeiro, vamos ver essa ideia de teste de hipótese.

 

 

A hipótese principal é testada: o que você aprendeu?

 

Se você não conseguir tirar um MVP de sua cabeça (ou de seus stakeholders), você pode pensar que seu sistema/processo atual e todas as ferramentas, soluções e a Shadow IT que as pessoas colocaram em prática para fazer seu trabalho é o MVP. Seu principal objetivo agora é aprender com ele.

 

A maioria das pessoas está familiarizada com este ciclo, popularizado por Eric Ries em seu livro Lean Startup.

O loop, em geral, ainda é completamente apropriado, mas a forma como é normalmente colocado – CONSTRUIR, MEDIR, APRENDER – não é. Você já ‘CONSTRUIU’, então comece a APRENDER.

Aprenda com todas as pessoas que estão atualmente trabalhando com os sistemas atuais, seja dentro de sua organização ou com clientes externos. Aproveite o conhecimento existente, pois neste caso há muito dele. Como as pessoas utilizam os sistemas, como a informação flui e de onde vem (e de onde não vem) o valor. E certifique-se de ir mais longe que seu usuário “direto”. Entender os stakeholders é, no mínimo, senão mais, importante. Eles vão influenciar a aceitação da substituição do(s) sistema(s) e você precisa saber o que vai fazer para que eles “comprem a ideia”. Quais são suas necessidades e seus medos? Como gerente de produto, você precisa abordar isso, bem como sobre as dores e os ganhos dos usuários diretos.


Você não precisa fazer experiências para entender as necessidades de seu cliente – elas estão bem ali na sua frente –, então APRENDA.

 

Na segunda parte deste artigo, vamos ver por que um MVP não vai ajudá-lo a perceber o valor da substituição do seu legado.

Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.

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