Acelerando a convergência físico-digital
Eliminando a distância entre o real e o virtual
A automatização, embora presente há décadas em setores como manufatura e agricultura, nunca teve seu alcance e impacto se estendendo tanto para o mundo físico — e essa tendência só se intensificará.
A geração anterior de automatização estava confinada a sistemas embarcados, muitas vezes sujeitos a limitações físicas, como, por exemplo, robôs restringidos a uma única linha de montagem ou com dificuldades de navegação diante de uma parede. Mas novos sensores e ferramentas são capazes não apenas de mapear e penetrar o espaço físico em uma área muito mais ampla, mas também de recriar esse espaço digitalmente com fidelidade impressionante.
Hoje, essa lente pode ser empregada a diversas aplicações, provavelmente mais relevantes para organizações com forte conexão com o ambiente físico, mas esperamos que impacte qualquer organização que não seja puramente digital. Novos sistemas agrícolas capazes de medir o solo e aplicar água e fertilizantes em proporções ideais estão melhorando a produção de safras, demonstrando como o digital agora pode alterar e até aprimorar o mundo físico.
Gêmeos digitais, ou representações digitais detalhadas de objetos físicos em seu contexto real, estão sendo usados em setores como aeroespacial para monitorar e avaliar o desempenho de equipamentos, identificando problemas potenciais antes que apareçam na realidade.
Essa convergência de ambientes exige um pensamento mais holístico. Dados de alta qualidade precisam estar disponíveis e compartilhados, pois os sistemas não serão capazes de tomar decisões inteligentes sem eles. No passado, as pessoas engenheiras trabalhando em sistemas embarcados provavelmente estariam em um prédio, enquanto aqueles encarregados de construir um motor ou veículo trabalhariam em outro. Agora, as funções devem se unir para construir e executar produtos que abrangem ambos os mundos.
Superamos o ponto de inflexão na curva de adoção de dispositivos conectados: passamos pelas ideias iniciais malucas da IoT, pelo receio inicial e chegamos a um ponto em que estamos vendo inovações genuinamente úteis.
Superamos o ponto de inflexão na curva de adoção de dispositivos conectados: passamos pelas ideias iniciais malucas da IoT, pelo receio inicial e chegamos a um ponto em que estamos vendo inovações genuinamente úteis.
Sinais
Veículos autônomos em expansão: Apesar de controvérsias e contratempos, os carros sem motoristas continuam a ocupar as ruas em maior número e em mais locais. As pioneiras em robôtaxi como Waymo e Cruise planejam expansões para Los Angeles, Texas e até mesmo o Japão. Elas também estão impulsionando o desenvolvimento de novas tecnologias de sensores.
Agricultura inteligente gerando resultados: Startups como a BloomX, de Israel, estão integrando sistemas digitais e físicos, saturando fazendas com tecnologia para imitar e melhorar processos naturais como a polinização. Essas inovações têm o potencial de aumentar a produção e mitigar alguns dos desafios que as mudanças climáticas impõem ao setor agrícola.
O surgimento de novas plataformas na manufatura. Pesquisas de analistas como Gartner sugerem que a densidade e variedade de robôs em operações típicas de armazém ou manufatura devem aumentar significativamente, com quase todas as empresas planejando expandir suas equipes robóticas. À medida que essas "frotas" são compostas por máquinas de vários fornecedores, surge uma categoria de software capaz de integrar e se comunicar com todas elas para coordenar seu trabalho. É o que Gartner chama de "plataformas de orquestração multiagentes".
Manutenção ainda mais proativa. Desenvolvimentos em inteligência artificial estão elevando a prática da manutenção preditiva, com empresas como a Shell aplicando IA para analisar dados históricos e leituras de sensores em tempo real para montar um quadro mais granular da saúde e desempenho de seus ativos. Isso amplia ainda mais sua capacidade de identificar pontos de falha antes que elas ocorram.
Tendências para monitorar
Adote
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Utilização de ambientes virtuais para testar e modelar os resultados físicos desejados em cenários industriais.
Analise
Antecipe
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Um termo coletivo para sistemas e dispositivos capazes de reconhecer, interpretar, processar, simular e responder a emoções humanas.
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Um dispositivo que lê e analisa sinais do cérebro e os transforma em comandos para um computador. Imagine ter um canal direto entre sua mente e a máquina! A ICC permite, após um período de treinamento, uma colaboração incrível entre o ser humano e a tecnologia.
Adote
Analise
Antecipe
Oportunidades
Ao antecipar essas tendências, as organizações podem:
Conservar recursos e reduzir riscos. Ao que tudo indica, a mudança para o monitoramento de ativos em tempo real, a análise de dados e o uso de simulações para identificar pontos fracos na produção provoca um impacto quase que instantâneo. Um estudo da PwC com empresas da Europa revelou que, em média, organizações com manutenção preditiva tiveram aumentos de 9% em uptime e 12% de redução de custos, além de queda expressiva em riscos de saúde e segurança.
Facilitar o caminho para melhorar os resultados. Além de aumentar o rendimento por meio de processos mais eficientes e menos propensos a erros, como visto na agricultura inteligente, a convergência físico-digital otimiza a produção reduzindo drasticamente os custos e a complexidade de prototipagem e testes.
Enriquecer e responder à experiência da cliente. Embora a automação total gere ceticismo, estudos mostram que o público consumidor engaja de forma positiva a soluções baseadas em tecnologia que superam desafios físicos, como sistemas de alerta de ponto cego ou assistentes de permanência em faixa em veículos, ou casas inteligentes que promovem eficiência energética. Dados do uso desses sistemas também fornecem insights sobre comportamento e engajamento da cliente, auxiliando no refinamento de produtos.
Contribuir para metas de sustentabilidade. Ambientes híbridos físico-digitais prometem ajudar empresas a reduzirem seu impacto ambiental de diversas formas, seja otimizando o uso de recursos como terra, água e energia; reduzindo o descarte e a substituição de peças e máquinas; ou minimizando a necessidade de testes físicos em objetos reais ou protótipos.
O que fizemos
Tornando veículos autônomos uma realidade com a MOIA
Embora os carros autônomos enfrentem barreiras físicas, regulatórias e psicológicas para ampla adoção, empresas inovadoras como a MOIA, provedora de caronas compartilhadas afiliada à Volkswagen, impulsionam o progresso. A MOIA nos contratou para testar cenários e integrar veículos autônomos em sua frota. Desenvolvemos simulações que expandiram a capacidade da MOIA para implantar e gerenciar esses veículos de forma rápida, segura e integrada. Agora, a Thoughtworks apoia o lançamento desses veículos no mundo real, usando dados e dispositivos para medir sua resposta a condições de estrada complexas e desafios de trânsito.
Recomendações práticas
O que fazer (Adote)
Entenda que a convergência físico-digital se aplica a você, a menos que sua empresa seja 100% digital (sem produção física). Haverá casos de uso relevantes para sua organização; a questão é identificar quais são os mais importantes e devem ser implementados primeiro.
- Ao pensar em sua presença física, considere a evolução da esfera digital. Muitas pessoas que trabalham em tarefas físicas, antes realizadas com relativo isolamento e autonomia — como explosivos em construção ou perfuração em mineração — precisarão se conectar e interagir com equipes de desenvolvimento de software e design de sistemas que gerenciam os aspectos digitais cada vez mais essenciais desses processos.
O que considerar (Analise)
- Busque oportunidades de aprimorar processos físicos com base no desenvolvimento tecnológico. Sensores e atuadores, em particular, estão muito mais precisos e poderosos do que poucos anos atrás. As empresas focam não apenas em miniaturizá-los para serem incorporados a ainda mais dispositivos, mas também em garantir sua operação independente e fornecimento de dados mais granulares.
O que observar (Antecipe)
Monitore o compliance e as regulamentações em áreas como automação e internet das coisas (IoT), que tendem a aumentar com o avanço da sofisticação, inteligência e potencial intrusividade dos dispositivos digitais.
Fique atento às ações e iniciativas de empresas de tecnologia, governos e concorrentes no espaço. Como a realidade física é única, as organizações serão forçadas a adotar os padrões que emergem em áreas como transferência de dados e comunicação de sensores. Adotar o padrão ou tecnologia errada pode isolar a empresa.