Desafio
A marca Ford é sinônimo de trabalho e, há mais de 50 anos, fabrica a picape e a van mais vendidas do mundo. Todos os dias, milhões de pessoas dependem das picapes e vans Ford para realizar seus trabalhos com segurança e confiabilidade.
Mas a Ford também queria proteger seus meios de subsistência.
Em 2020, o FBI estimou que o custo de equipamentos de trabalho roubados nos EUA totalizou mais de US$ 7,4 bilhões, um valor que se acredita ser subestimado em relatórios de veículos roubados (Departamento de Justiça dos EUA, Federal Bureau of Investigation, Relatório Uniforme de Crime). Embora o número seja assustador, o relatório não considera o que ouvimos durante nossas entrevistas com profissionais reais do centro-oeste. E para uma pessoa usuária, um eletricista, não é apenas o equipamento ou as ferramentas que estão sendo roubados – “é como se todo o seu sustento tivesse sido levado”. Através desta e de muitas outras entrevistas com usuários, ficou claro onde a Ford poderia ajudar seus motoristas a seguir. As pessoas escolhem a Ford por sua confiabilidade; as pessoas ficam com a Ford por sua proteção.
A Ford é uma empresa construída para fabricar veículos emocionantes, seguros e confiáveis em escala. Existem processos, formulários, aprovações, revisões de engenharia e testes - todos eles incompatíveis com o ambiente de startup que precisávamos. Quando você segue todos os processos e requisitos prescritos, acaba construindo a mesma coisa. Por isso, após 12 semanas validando nossa ideia e garantindo a próxima rodada de financiamento, rapidamente procuramos a Connected [agora Thoughtworks] para nos ajudar a escalar de um projeto bacana em um Raspberry Pi para algo que pudéssemos lançar em milhões de veículos.
"Qual o papel que a Ford pode desempenhar para proteger os objetos de valor das clientes dentro de seus veículos?" era a pergunta que Sam Harris, vice-presidente de produto da Canopy, enfrentava. Ele havia descoberto a resposta na detecção de ameaças por áudio, mas, ao fazer isso, também encontrou uma característica comum de grandes empresas que experimentam um crescimento rápido e inicial: um foco quase singular em escalonamento.
Atividades
Com nossa mentalidade de pensamento de produto e profundo conhecimento no desenvolvimento de produtos em estágio inicial (0→1), rapidamente nos integramos e começamos a construir a equipe Sentinel (nosso codinome de projeto para confidencialidade) de generalistas a especialistas, enquanto nos propusemos a responder a pergunta: "podemos construir este produto em escala?"
Em primeiro lugar, abordamos os principais riscos do produto antecipadamente e continuamente, dando-nos uma melhor compreensão do estado atual do produto e avaliando-o em relação à Estrutura de Quatro Riscos do Produto:
Oportunidade de mercado
- Existe uma necessidade para este produto?
- Qual é o tamanho do mercado para este produto?
Viabilidade de negócios
- Podemos criar um modelo de negócios lucrativo para este produto?A tecnologia necessária está disponível pelo preço certo?
- Que organização é necessária para apoiar este produto no mercado?
Usabilidade do produto
- Como criamos um produto fácil de usar e eficaz
- Podemos criar níveis de precisão que levarão a uma Experiência do Usuário positiva?
Viabilidade técnica
- A tecnologia prevista é capaz de fazer o que esperamos que ela faça
- Como podemos criar um produto de segurança em um ambiente de baixa energia?
Para responder pela escalabilidade, construímos uma série de protótipos de alta fidelidade, executando dois pilotos de ponta a ponta com usuários reais, um nos EUA e outro no Reino Unido. Como resultado desses pilotos, a Ford conseguiu obter uma maior compreensão do produto, o que orientou ainda mais o desenvolvimento, incluindo:
O que é necessário para o desenvolvimento do produto físico?
Quais são as etapas necessárias para a instalação do aplicativo nos veículos?
Como é a performance em veículos comerciais?
É fácil de utilizar e resolve o problema?
Solução
Ao longo do projeto, o Playbook da Mentalidade de Pensamento de Produto da Thoughtworks foi utilizado para orientar os profissionais por meio de várias táticas e técnicas que garantiram o alinhamento da equipe e do produto. Entre elas, destacam-se:
Realizar conversas guiadas com pessoas proprietárias de caminhonetes e vans Ford e outras pessoas relevantes do lado da demanda para aprender sobre suas experiências, compreensão, dificuldades e feedback diretamente relacionados à área de investigação.
Colete informações qualitativas durante um período definido, solicitando ás pessoas que participam que registrem entradas sobre suasrotinas ou sobre sua experiência com um produto em formato escrito, de pesquisa ou de vídeo.
Identifique sinais precoces de mudança em ambientes centrais e periféricos usando frameworks de previsão para descobrir novos modos de pensar, provocar soluções a partir de perspectivas alternativas e desenvolver estratégias de médio e longo prazo.
Mapeamento de “aliviadores de dor” e “criadores de ganho” que seu produto oferece às dores e ganhos identificados em uma Tela de Perfil da Cliente. A Tela de Proposta de Valor resume o ajuste entre o produto e os trabalhos que a cliente está tentando realizar.
Realizadas atividades para gerar possíveis direções, conceitos e/ou componentes de produto. As ideias resultantes e os padrões comuns entre elas se tornaram uma inspiração para o desenvolvimento e validação de novos conceitos.
Desde a forma como nos integramos até o conhecimento e capacitação oferecidas conforme a equipe crescia, nossa abordagem foi mais do que apenas tentar construir um produto - ajudamos a construir uma empresa de produtos.
Para cada recurso, articular o problema ou oportunidade, esboçar soluções possíveis, definir os fluxos de trabalho e criar protótipos ou designs prontos para produção. Os sprints também podem incluir testes de usabilidade. As pessoas designers se concentram em um recurso durante cada sprint semanal.
Construir um protótipo técnico com código suficiente para testar novas tecnologias (por exemplo, algoritmos, hardware, recursos específicos, áreas funcionais) para abordar os riscos de viabilidade técnica, muitas vezes relacionados ao desempenho, durante a descoberta do produto.
Realizar atividades de pesquisa e ideação para identificar possíveis designs para arquiteturas de aplicativos e sistemas de estado futuro e opções para soluções de software e frameworks que podem ser usados para alcançar os resultados técnicos pretendidos.
Realizar atividades de pesquisa e ideação para identificar possíveis designs para arquiteturas de aplicativos e sistemas de estado futuro e opções para soluções de software e frameworks que podem ser usados para alcançar os resultados técnicos pretendidos.
Identificar e listar todas as suposições conhecidas sobre o conceito do produto e a pessoa usuária pretendida. Classificá-las em ordem de importância (com base em quão críticas são para o sucesso do produto e/ou seu risco relativo) e identificar métodos apropriados para validar ou invalidar essas suposições, uma por uma.
Então, por que eles precisavam construir uma empresa de produtos? Como Sam disse anteriormente, “a Ford é uma empresa construída para fabricar veículos emocionantes, seguros e confiáveis em escala”, e, referenciando o diagrama abaixo, os coloca à extrema direita. O problema era onde eles precisavam estar e, mais especificamente, eles precisavam de ajuda para navegar pela extrema esquerda.
O desenvolvimento de produtos 0→1 é muito diferente do desenvolvimento de produtos em escala. Enquanto o desenvolvimento de produtos em escala é mais previsível em termos de entradas e saídas esperadas, permitindo maior eficiência, 0→1 não é tão claro e seco. Em vez disso, ambiguidade, falha e pensamento não linear são uma descrição melhor do desenvolvimento de produtos 0→1, conforme descrito em Zero to One de Peter Thiel.
Se a linha ondulada que indica o quão não linear é a natureza da construção de produtos 0→1 não está clara, observe os números correspondentes quando 0→1 é visto como 0→0,5 e 0,5→1, respectivamente. Mas mais do que números, as diferenças entre 0→0,5 e 0,5→1 no desenvolvimento do produto são tão numerosas quanto significativas.
Resultados
"Como a Ford pode ajudar a proteger os meios de subsistência das pessoas que depositaram sua confiança nela?"
Essa foi a pergunta originalmente feita, e nós, com o Canopy, conseguimos ajudar a respondê-la.
O sucesso dos projetos piloto e os insights das pessoas usuárias não apenas satisfizeram a equipe executiva da Ford, ansiosa para iniciar a produção, mas também chamaram a atenção da líder em segurança ADT, que, convencida pelos resultados convincentes do piloto, decidiu firmar uma joint venture de US $ 100 milhões com a Ford para ajudar a proteger os veículos e os meios de subsistência de seus proprietários.
Em última análise, não teríamos conseguido formar esta parceria se não fosse pelo sucesso do projeto piloto. Graças a eles, sabemos com segurança o que as clientes valorizam, o que desejam e como podemos entregá-lo. Os pilotos provaram o valor do que estávamos fazendo e, sem a Connected [agora Thoughtworks], não haveria os pilotos.