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Navegando na nuvem: a chave para resiliência na crise e para além dela


Uma rota de colisão em ruptura   

Se as empresas precisassem de um lembrete de quão importante é ser capaz de agir rapidamente em meio a condições voláteis, a pandemia do coronavírus certamente proporcionou isso.

 

O surto e seu consequente impacto na economia viraram de cabeça para baixo modelos de negócios, cadeias de abastecimento e padrões de consumo há muito tempo estabelecidos, praticamente da noite para o dia. Algumas empresas estão sendo forçadas a lidar com picos de demanda, enquanto outras estão enfrentando um colapso na procura. À medida que mais interações e transações são feitas online, os recursos tecnológicos ficam sobrecarregados. Empresas e profissionais em muitos mercados estão lidando com mais lentidão e interrupções de rede, o que alcançou níveis nunca vistos conforme o vírus crescia. A necessidade de uma arquitetura de computação flexível e baseada em nuvem, assim como a resiliência e a responsividade que ela entrega, nunca foi tão evidente.

Episódios de interrupção de redes globais 

Fonte: Thousandeyes

Com toda a angústia que o coronavírus causou, a maioria das empresas concorda em algumas coisas – não é a última crise que provavelmente enfrentarão e, muitos aspectos, há pressões exacerbadas que já existiam, mas eram talvez mais fáceis de serem ignoradas. Realisticamente, as empresas têm que estar prontas para a disrupção, é evidente.

 

Seja em tecnologia, regulamentação, o cenário competitivo ou expectativas de clientes, o ritmo da mudança significa que todo negócio é regularmente chamado a gerenciar a transformação e navegar por mudanças em um nível até então impensável há algumas décadas. Nesse contexto, a nuvem não apenas fornece a elasticidade para assegurar que uma organização possa passar pela pandemia e seus efeitos posteriores, como também garante acesso a recursos de velocidade, agilidade e colaboração que um ambiente de negócio digital precisou por anos e precisará ainda mais no futuro. Esses recursos têm um custo: a nuvem requer investimento significativo e sustentável e uma estratégia bem definida. Mas como alguns early adopters estão demonstrando, o resultado final é uma vantagem competitiva.

Por que a nuvem (às vezes) dá errado

 

Quando a adoção da nuvem é feita corretamente, é isso. A ressalva é necessária porque, apesar de todo o rápido crescimento na adoção da nuvem e histórias famosas de sucesso, há de se reconhecer que investimentos em nuvem nem sempre entregam os benefícios esperados.

 

Pesquisas mostram que quase um terço das empresas veem de pouca a nenhuma melhoria organizacional como resultado da adoção à nuvem. Em alguns, casos, a nuvem pode criar mais problemas do que resolver; em um estudo recente, 74% das empresas que informaram estar migrando uma aplicação para a nuvem, depois retornaram para sua própria infraestrutura, principalmente por causa de preocupações com segurança e desempenho.  

Organizações que retiraram aplicações da nuvem

Fonte: IHS Markit

Ainda assim, o surto de coronavírus tem também destacado a habilidade de algumas empresas – pegue a Netflix ou o Zoom como exemplo – para impulsionar a nuvem em níveis de demanda sem precedentes, com mínima agitação e aparentemente da noite para o dia.

 

Então, o que separa alguém que adotou a nuvem de um negócio que é centrado na nuvem, ou uma estratégia de nuvem sólida de uma que falha? Segundo especialistas da Thoughtworks, começa-se com alguns princípios norteadores.

A nuvem não se limita à infraestrutura

 

Muitos dos esforços com a nuvem são baseados em um erro comum. Já que muitas organizações são atraídas para a nuvem inicialmente com promessas de armazenamento ilimitado e poder de processamento, a suposição é que ela é uma substituição direta para o hardware interno. Então, quando chega o momento de migrar para a nuvem, “há uma tendência a se dizer que é responsabilidade do time de infraestrutura e deixar a tarefa para ele”, diz Kief Morris, Líder de Práticas de Nuvem da Thoughtworks e autor do livro Infrastructure as Code.

 

A realidade é que adotar uma estrutura de nuvem afeta muito mais camadas de uma organização. A não ser que software, redes, sistemas e práticas estejam otimizados para um ambiente em que os recursos são mais dinâmicos, a empresa provavelmente vai simplesmente replicar velhos gargalos no novo ambiente de nuvem.

 

“A nuvem não é simplesmente uma mudança de infraestrutura local para um ambiente virtual que você não tem mais que manter por conta própria”, diz Scott Shaw, Diretor de Tecnologia da Thoughtworks Austrália. “Como tudo se torna definido por software, você tem que gerenciar como software. Você ainda precisa de conhecimento sobre redes, segurança e infraestrutura. Mas você tem que gerenciá-la usando engenharia de software e não abordagens de infraestrutura.”

 

A conclusão é que a nuvem não é uma transição isolada, mas um processo contínuo. Fornecedoras de nuvem podem providenciar a espinha dorsal, mas será responsabilidade da organização assegurar que seus sistemas e aplicações prosperem no novo ambiente.

 

“O software faz suposições sobre o tipo de infraestrutura em que está sendo executado, e com a nuvem tudo é muito mais fluido”, diz Morris. “Quando o software é feito para a nuvem, ele é capaz de funcionar em uma infraestrutura que muda sem avisar. Isso é fundamental para obter vantagens acerca da escala, porque se você pegar um software mais antigo e colocá-lo na nuvem para que ele escale até cinco vezes mais servidores, ele não vai apenas aproveitar a oportunidade como em um passe de mágica. Ele supõe que alguém virá e fará a instalação manualmente.”

 

“Muitas empresas investem em seus ambientes de nuvem sem as práticas de engenharia que normalmente associaríamos a um ativo fundamental para o negócio”, acrescenta Shaw. “Desenvolvimento orientado por teste, modularização, abstração, encapsulamento, controle de versão, integração contínua – tudo isso pode e deve ser usado na automação de infraestrutura se você quiser manter esse ativo em um estado ideal com o tempo.”

Encare a nuvem como recurso

 

A melhor maneira de conceber a nuvem está além de terabytes ou unidades de tempo de servidor, como “uma abordagem global de componentização de recursos de tecnologia que permita que pessoas desenvolvedoras criem software mais rápido – e isso elimina muito do fardo de gestão operacional desses recursos”, diz Ryan Murray, diretor de Estratégia de Plataforma Digital da Thoughtworks.

 

Se implementada e gerenciada idealmente, a nuvem não apenas impulsiona o poder computacional – ela redesenha as fronteiras do que uma empresa pode fazer. “O principal benefício na nuvem são os novos modelos operacionais que ela pode fornecer”, diz Ranbir Chawla, principal consultant na Thoughtworks.

 

A virtualização é um bom exemplo. Na sua forma mais básica, a nuvem pode virtualizar um mainframe para reduzir a necessidade de manutenção ou espaço físico – mas por que não ir um passo além e virtualizar o mesmo mainframe várias vezes, para que as velhas limitações no número de aplicações que a empresa pode criar e gerenciar de uma vez sejam derrotadas?

Arquitetura tradicional versus virtual

Fonte: whatis.com

“A vantagem é que você pode começar a pensar em ciclos inovadores de implementação e desenvolvimento de software que não existiam quando sua infraestrutura era física”, diz Chawla. “No entanto, as empresas não tiram vantagem dessa virtualidade ou capacidade de experimentar.”

 

A nuvem também abre “grandes oportunidades para empresas descobrirem negócios futuros ao entender seus dados”, acrescenta Chawla. Mais provedoras de nuvem estão desenvolvendo plataformas que dão às empresas acesso sob demanda a soluções de inteligência artificial e aprendizado de máquina, permitindo uma abordagem ‘plug and play’ com componentes que elas podem ter dificuldade em desenvolver internamente. “É difícil fazer aprendizado de máquina e IA localmente – é necessário conhecimento, hardware e um conjunto de habilidades diferente. Mas, na nuvem, está literalmente na ponta de seus dedos.”

 

Esse acesso pavimenta a estrada para abordagens mais orientadas por dados para o desenvolvimento em que o feedback de cliente é coletado perfeitamente, analisado e diretamente traduzido para melhorias de produto ou até novos produtos; e isso torna possível ver tendências de mercado ou de clientes enquanto ainda estão se formando. Em tempos voláteis, a inteligência antecipada desse tipo pode rapidamente se tornar o maior ativo de uma empresa.

Oriente a mudança organizacional para a produção sob pressão

 

Essas vantagens, no entanto, permanecerão fora de alcance se os times e fluxos de trabalho não estiverem alinhados em torno do ambiente de nuvem, para assegurar que possam aproveitar sua velocidade e agilidade quando for necessário. Tornar-se uma empresa nativa em nuvem implica em mudanças organizacionais e tecnológicas.

 

Veja a governança de tecnologia. Se deixados com a tarefa de gerenciar sozinhos a nuvem, times podem retroceder nas práticas que controlavam o acesso para data centers locais, acionando os freios imediatamente para qualquer ganho potencial.

 

“Tivemos clientes que gastaram milhões com um grande investimento em nuvem ou comprando software nativo em nuvem, orientado por API, e depois colocaram um time inteiro e tickets à frente do acesso a esse sistema”, diz Chawla. “De repente, todos esses benefícios de inovação, de acessibilidade imediata, de experimentação somem.”

 

Isso pode ser evitado ao definir um “triângulo” de governança que também envolve os times de segurança e engenharia, criando um mix de interesses opostos que asseguram que a abordagem de nuvem atinja o equilíbrio certo entre gerenciar risco e permitir a inovação. “A infraestrutura está interessada na estabilidade, o grupo de segurança está interessado em proteger ativos, enquanto o grupo de engenharia está tentando ser mais rápido e espera obter benefícios significativos em termos de velocidade, agilidade e capacidade da nuvem”, observa Murray.

 

Não é necessário dizer que qualquer tentativa de conectar esses atores – às vezes, competindo – requer um forte suporte da gerência sênior. “De maneira alguma você pode fazer essas três organizações se unirem e funcionarem efetivamente se você não tem aprovação em nível de diretoria que leve os incentivos para todas as pessoas, assim como a mensagem de que o objetivo da organização é lançar software o mais rápido possível dentro das limitações de risco, confiança e segurança”, diz Murray. “Você também precisa mudar o modelo operacional para permitir que essas decisões aconteçam no dia a dia.”

 

Fundamentalmente, a gerência tem que garantir que a transparência e a colaboração não sejam apenas lemas para a governança, mas permeiem o processo de desenvolvimento.

Diretor de Estratégia de Plataforma Digital, Thoughtworks


Considerando que a nuvem fornece uma ampla gama de serviços utilitários, falar sobre ROI em um investimento de nuvem é um pouco como calcular o ROI em um investimento em eletricidade.


Ryan Murray,

Diretor de Estratégia de Plataforma Digital, Thoughtworks

“No passado, uma vez que uma aplicação era entregue, ela era encaminhada para um grupo de operações que conseguia escalar incidentes e só no final desse processo o time responsável pela manutenção dessa aplicação poderia se envolver”, diz Shaw. “Eles vão precisar se envolver muito mais rapidamente. Os times de desenvolvimento vão ter que mudar, para adicionar operações em seu conjunto de habilidades, para entender como criar software para que possam descobrir o que está havendo com ele em produção e corrigir problemas.”

 

Líderes de negócio também têm que estar conscientes das mudanças que a nuvem pode trazer para os modelos de custo de operação. A suposição é frequentemente que a nuvem vai gerar economia ao reduzir os gastos associados com manutenção (e constante expansão) da infraestrutura local, mas a realidade é mais complexa. Além do mais, foco excessivo em custos pode cegar as empresas para as oportunidades mais atraentes da nuvem.

 

Chawla observa que a nuvem tende a absorver partes do orçamento que as empresas não preveem, como licença de software. Ela também não necessariamente adere a antigos ciclos de orçamento anuais. Os custos podem não ser totalmente visíveis até que o projeto esteja pronto e rodando, e podem (e devem) ser otimizados continuamente.

 

“Há muito mais do que uma curva de aprendizado em finanças”, diz. “Eles não podem apenas aparecer uma vez por ano. Devem ser parte do loop de feedback, parte do centro de excelência da nuvem, imediatamente.”

 

“A nuvem entrega valor essencial como uma aceleradora, não como um motor de economia de custos”, diz Murray. “Muitas empresas verão custos crescendo, a não ser que os gerenciem com cuidado – alguns devido à falta de fiscalização e alguns devido ao aproveitamento de oportunidades de aceleração da entrega que usam mais recursos do que estariam disponíveis localmente. Mas, visto que a nuvem fornece uma ampla gama de serviços utilitários, falar sobre ROI em um investimento de nuvem é um pouco como calcular o ROI em um investimento em eletricidade.”

Kief Morris, Líder de Prática de Nuvem, Thoughtworks
“Quando as pessoas me perguntam quais ferramentas de infraestrutura devem ter ou quais features de nuvem devem usar, as perguntas que faço são: o que você quer alcançar? E o que você precisa entregar para os seus usuários?”


Kief Morris,

Líder de Prática de Nuvem, Thoughtworks




No fim das contas, na jornada da nuvem, como em desenvolvimento de produto, questões sobre onde e quanto investir e quais projetos priorizar têm que ser examinadas em termos de valor para a base de clientes ou usuários finais.

 

“Quando as pessoas me perguntam quais ferramentas de infraestrutura devem ter ou quais recursos de nuvem devem usar, as perguntas que faço são: o que você quer alcançar? E o que você precisa entregar para os seus usuários?”, afirma Morris. “Se isso não está nítido, você precisa parar e trabalhar nas jornadas do usuário, nas ofertas e nos produtos primeiro. Depois, identificar o software que você precisa criar para entregar essas coisas.”

 

Considerando o nível de mudança envolvido em uma transição para a nuvem, particularmente para grandes empresas, uma abordagem incremental, em que a transformação é buscada em “fatias verticais” pode ser menos conflitante – e reduz as chances de problemas aparecerem quando já é tarde para alterar o curso.

 

“Em vez de começar com um pedaço de infraestrutura ou aplicação em particular, comece com uma necessidade de cliente, seja adicionar um novo produto ou funcionalidade, ou melhorar um produto existente”, explica Morris. “Reúna todas as pessoas necessárias para fazer isso acontecer em todas as stacks. Pegue um pedaço que seja pequeno o suficiente para começar e que seja gerenciável. O importante é ter ciclos de feedback, colocar algo nas mãos de usuários para ter seus inputs e descobrir se funcionou ou o que pode ser melhor.”

Entrega de valor em pequenas porções para suportar a estratégia de nuvem

Fonte: Thoughtworks

Aprenda a ver segurança de maneira diferente

 

A nuvem também precisa de novas práticas de segurança – embora, talvez, não da maneira que líderes de negócio esperam. Pesquisas apontam que vulnerabilidades na segurança permanecem, de longe, sendo a maior preocupação para empresas que contemplam uma transição para a nuvem, particularmente quando se trata da nuvem pública (ou seja, serviços de nuvem providos por fornecedoras terceirizados via internet pública). A maioria dos medos é centrada em uma possível perda de dados e brechas de confidencialidade.

 

A realidade é que os ótimos recursos implantados pelas maiores fornecedoras tornam os serviços de nuvem públicos bem mais seguros que os típicos sistemas corporativos. “Não há ninguém no mundo fazendo segurança de infraestrutura melhor que as grandes provedoras de nuvem”, diz Murray. “Elas sabem mais sobre segurança e ameaças do que qualquer pessoa, porque estão trabalhando em uma grande parte da infraestrutura da internet mundial e vendo os ataques primeiro.”

 

As empresas precisam aprender a distinguir entre segurança de infraestrutura – grande parte é terceirizada para fornecedoras de nuvem – e segurança de aplicação, que devem lidar conforme criam e gerenciam o software na nuvem. Historicamente, times de segurança da empresa têm focado mais em infraestrutura e podem estar esquecendo dos recursos de software necessários para conseguir resultados com segurança no ambiente de nuvem.

Segurança em nuvens públicas

Fonte: (ISC)2/Cybersecurity Insiders 

“Se sua organização de segurança não tem um time de desenvolvimento que possa criar e executar medidas de proteção, ou não sabe como impulsionar as APIs, ela não será capaz de deixar sua nuvem segura”, observa Chawla.

 

A nuvem pede uma abordagem mais iterativa, baseada em risco, em que segurança não é uma série de restrições introduzidas no começo ou no fim do processo, mas uma responsabilidade compartilhada, integrada ao desenvolvimento por meio de exercícios como workshops de modelo de ameaça.

 

“As pessoas da segurança precisam estar nos times de desenvolvimento e trabalhar com eles para entender o que os times veem como ameaças importantes, e fornecer as ferramentas que eles precisam para responder a elas”, afirma Morris. “Como pessoa desenvolvedora, não preciso esperar até uma versão ser testada para descobrir se é segura. Já será tarde demais, e muito caro para consertar.”

 

Assim como acontece com desenvolvimento, a segurança em um ambiente de nuvem pode precisar de times que sejam mais colaborativos, dinâmicos e que até aprendam ou reequipar suas habilidades existentes. Mas, apesar disso, não deve ser vista como um problema ou um fardo que provavelmente atrasará o progresso da empresa – na verdade, o oposto é verdadeiro.

Scott Shaw,   Diretor de Tecnologia, Thoughtworks Austrália
"No mundo da nuvem nativa, quanto mais rápido você se move, em maior segurança você está."


Scott Shaw,

Diretor de Tecnologia, Thoughtworks Austrália


“No velho mundo do hardware e grandes ativos monolíticos, era considerado mais seguro controlar a mudança com pedágios e revisões de segurança sob a suposição de que seu site atual era seguro e qualquer mudança poderia introduzir uma vulnerabilidade”, diz Shaw. “Mas no mundo da nuvem nativa, quanto mais rápido você se move, mais segurança você tem. Pressupõe-se que você está fundamentalmente vulnerável o tempo todo e uma entidade invasora pode já ter acesso. Ao renovar e recriar continuamente seus ambientes de hospedagem, você está sempre voltando a um estado seguro e é capaz de rapidamente fazer correções quando vulnerabilidades são descobertas.”

 

Fornecedoras de nuvem estão se tornando mais eficazes em providenciar padrões razoáveis ou mesmo serviços de alto nível que reduzem um pouco do risco, mas ainda há fundamentalmente alguns espaços em que pessoas desenvolvedoras terão acesso a novas ferramentas que não sabem usar com segurança.

 

“A maneira de responder é educação organizacional, estrutura organizacional e ter certeza que os modelos operacionais sejam atualizados pela velocidade de entrega e pelo ferramental que a nuvem fornece”, adiciona Murray. “Você nunca deve ver a nuvem como um risco à segurança – apenas como uma oportunidade.”

Baseie o mix de fornecedoras e de nuvens em realidades de negócio

 

O rápido crescimento da nuvem significa que empresas têm mais opções do que nunca quando se trata de estruturas de nuvem que podem adotar, de nuvens privadas entregues com redes dedicadas a modelos híbridos que misturam infraestrutura local, privada e pública, ou multiclouds que espalham recursos em múltiplas fornecedoras e ambientes de hospedagem.

 

A escolha ideal para qualquer organização, afirma Morris, deve surgir naturalmente com base nos requisitos de negócios. “A primeira coisa que você deve fazer é criar capacidade e competência em nuvem, depois começar a enfrentar um panorama maior. Raramente é uma boa ideia começar no nível estratégico e dizer que vai fazer tudo rodar em uma certa nuvem, porque você não tem que necessariamente conhecer a melhor solução antecipadamente.”

 

As decisões podem ser ditadas por condições regulatórias, de negócios, entre outras. Em alguns mercados, apenas uma fornecedora de nuvem viável pode estar disponível. Estratégias com multicloud podem também fazer mais sentido em setores altamente regulados, como o financeiro, em que certas aplicações de missão crítica ou tipos de dados garantem diferentes níveis de acesso ou controles de segurança.

 

A outra grande escolha é com qual fornecedora (ou mix de fornecedoras) se comprometer. A predominância de um grupo restrito de grandes provedoras de nuvem alimentou muita agonia em relação ao equilíbrio de força entre fornecedoras e consumidoras, e guiou uma mudança para multicloud conforme mais empresas procuravam proteger suas apostas.

Share de mercado mundial de serviços de nuvem públicos para

Infraestrutura como Serviço

Fonte: Gartner

Estratégias de multicloud também podem beneficiar a empresa ao garantir acesso aos pontos fortes de uma fornecedora em particular, ou melhores negociações de preços. Ao mesmo tempo, como muitas empresas já descobriram, lidar com múltiplas fornecedoras pode complicar significativamente os desafios de implantação e gerenciamento de nuvem.

 

Idealmente, a empresa e sua fornecedora de nuvem principal constroem “uma relação muito íntima”, diz Chawla. “Você quer que a fornecedora entenda seu negócio e se importe. Se você fizer certo, você terá uma grande oportunidade de incentivá-los novamente para ajudar você a criar o que você quer. Gerencia qualquer fornecedora de nuvem, colocar seus sistemas funcionando, ensinar a todo mundo um novo jeito de trabalhar é complexo. E não é linear fazer isso com a próxima provedora. Você tem que aprender um novo conjunto de conceitos e processos.”

 

“Fortes relações comerciais e arquiteturais com sua fornecedora de nuvem podem resultar em muito valor”, concorda Murray. “Sempre envolva sua provedora de nuvem com uma parceira estratégica em seus esforços. Grandes organizações com gastos significativos podem ser clientes de destaque, obtendo bons descontos e suporte técnico, e mesmo guiando o roadmap de produto da provedora de nuvem.”

 

Shaw aponta para a importância do negócio como outro fator importante a ser considerado. Para projetos com começo e final definidos que provavelmente não precisam de manutenção contínua – a configuração de um website para um evento especial, digamos –, a empresa pode confiar tudo a uma única fornecedora e aproveitar todos os ganhos de produtividade associados com quase total tranquilidade. Ativos de longo prazo, críticos para a empresa, podem ser uma outra história. 

Maiores desafios em gestão de múltiplas fornecedoras de nuvem


Fonte: TechRepublic Premium

“Se você está construindo um sistema central que vai ter que manter por 20 anos, você tem que entender a relação em que está entrando. Você realmente quer apostar tudo em um único lugar? Ou criar estruturas que baixem seu risco de ter que mudar seu ativo para uma fornecedora diferente no meio do caminho? Você vai pagar agora para construir a portabilidade necessária, ou pagar depois para refazer a plataforma, o que quase nunca dá certo.”

 

O princípio-guia, diz Chawla, deve ser buscar a portabilidade quando há uma necessidade de negócio – não simplesmente por buscar.

 

“Não coloque metade de seu sistema de e-commerce em uma plataforma e metade em outra baseando-se apenas na ideia de que você vai se irritar com uma provedora de nuvem e ir embora”, ele diz. “Líderes de engenharia nos dizem sempre que gastaram milhões de dólares e horas para serem portáteis e nunca ir embora – e agora olham para trás e veem isso como um desperdício. Se você vai ser multicloud, tudo bem – mas tem que haver um motivo e você tem que ser capaz de gerenciar a complexidade.”

Prepare-se para mais mudanças – para melhor

 

Em geral, especialistas da Thoughtworks acham que as empresas estão apenas começando a entender todo o potencial da nuvem – e, de muitas maneiras, isso é ótimo.

 

À medida que as tecnologias de nuvem se desenvolvem, as oportunidades se multiplicam. Depois que a epidemia do coronavírus passar, as empresas quase certamente enfrentarão problemas adicionais, mas a nuvem vai continuar a evoluir e apoiar os ganhos em resiliência, velocidade e performance que as empresas precisam para ficar à frente.

 

Algumas das possibilidades mais empolgantes emergirão acerca das fronteiras de dados em expansão – particularmente, computação de ponta, a tendência de descentralização da nuvem e migração para perto de fontes de dados para melhorar agilidade e velocidade. A proliferação massiva de fontes de dados terá consequências para a complexidade, mas também vai abrir novos caminhos para empresas para criarem seu conhecimento e conexões com usuários finais.

 

“Os limites da nuvem vão ficar muito menos distintos”, diz Shaw. “Está entrando nas nossas casas, vai estar em nossos bolsos. Veremos o surgimento de muito mais dispositivos de ponta, à medida que os dispositivos que geram dados ficam mais prolíficos e a quantidade de dados que precisamos reunir, armazenar e entender se tornam cada vez maiores.”

 

Fornecedoras de nuvem também trabalham duro para refinar seus melhores serviços, seja IA baseada em nuvem ou sistemas de conteinerização como Kubernetes, que podem simplificar muito o desenvolvimento e gerenciamento de múltiplas aplicações.

 

“Os componentes que pessoas desenvolvedoras podem juntar das fornecedoras de nuvem serão mais e mais macroscópicos, e mais e mais poderosos com o tempo”, afirma Murray. “Continuaremos vendo fornecedoras começarem a criar soluções mais verticalizadas que resolvem problemas de negócio específicos.”

 

O resultado será um crescimento massivo nos recursos de tecnologia e empresas podem acessar sob demanda, sem necessariamente precisar saber tudo sobre o código e a arquitetura que sustentam esses serviços.”

 

Em outras palavras, diz Morris, toda a promessa da nuvem como uma plataforma de autoatendimento versátil e onipresente vai se aproximar muito da realidade. “Se eu consigo escrever uma aplicação, empacotá-la, obter minha configuração, armazenar meus dados de maneira padrão, então eu não preciso pedir para alguém toda vez que decidir fazer uma nova”, ele diz. “Eu sei exatamente como fazer de maneira que seja segura e funcione corretamente.”

 

Isso significa que, mesmo que empresas sofram com uma pandemia, cada passo para construir uma estratégia de nuvem agora é um investimento na capacidade futura para mudar e inovar rapidamente e em escala – o conjunto de ferramentas definitivo para um ambiente que provavelmente nunca mais será o mesmo. Para todos os desafios associados com a nuvem, a falta de ação se torna um risco ainda maior.

 

“Em grandes indústrias, há uma preocupação geral agora”, diz Chawla. “Se em seu setor ainda restam muitas empresas para entrar na nuvem e você é a próxima a fazer isso com sucesso, você está muito à frente das organizações que deixou para trás. É uma vantagem competitiva enorme e é necessário apenas uma pessoa executiva corajosa para colocar em prática. Faça acontecer.”

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