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Inovar é reconhecer os erros e amplificar os acertos

Um jovem estudante larga a escola aos 16 anos para editar uma revista voltada ao público estudantil (sim, parece meio controverso. Mas confie em mim). Ele consegue pautas, patrocínio e imprime 50.000 cópias da revista para distribuição gratuita. A revista começa a ter tração e é um sucesso. Mas dá uma estagnada e depois de 3 anos vem a falta de dinheiro para mantê-la. Foi aí que esse jovem teve uma idéia: como ele gostava muito de música, resolveu criar uma empresa de envio de LPs pelo correio para custear sua revista. O novo negócio deu tão certo que ele resolveu fechar a revista, investir mais no novo negócio e abrir uma loja de LPs para aumentar as vendas. Aí a coisa explodiu de vez e ele teve muito sucesso.

Parece história de ficção mas não é. Essa é a história de Sir Richard Branson, famoso empresário britânico que tem no seu currículo empreendimentos como a Virgin Records (que tinha nada mais nada menos que os Sex Pistols, Keith Richards e Spice Girls no seu portfólio) e a Virgin Atlantic (empresa aérea muito famosa no hemisfério norte). O curioso é que existem alguns pontos bem interessantes a serem analisados nessa história, que se relacionam diretamente com inovação.

Dois deles obviamente são a vontade de inovar e a paixão por algo. Richard criou a revista pois viu que não existia nenhuma revista para este segmento, então viu aí uma oportunidade. Além disso, ele tinha muita vontade de ser editor. Então uniu a fome com a vontade de comer e viu na revista uma oportunidade interessante o suficiente para gastar várias horas do seu dia sem que isso fosse um esforço sobrehumano.

Outro ponto importante é a adaptação. Adaptar consiste em verificar o que não está dando certo e corrigir, ou mesmo aprimorar um plano que ainda não está funcionando como esperado. Na história acima, a revista do Sir Branson não estava mais dando tão certo. Então ele resolveu adaptar-se a realidade de mercado. A escolha dele foi criar o modelo de venda de LPs pelo correio e testá-lo na prática, usando a revista como veículo de divulgação (ele colocou anúncios na revista para o seu novo negócio de LPs). Note que o objetivo dele não era recuperar a revista, mas sim encontrar algo que para ele fizesse sentido. Se o objetivo fosse recuperar a revista, ele teria seguido em outra direção.

Além disso, é necessário desistir quando preciso. E isso é muito difícil de se fazer em alguns casos, dado o apego emocional que temos com o produto, o negócio ou até mesmo uma funcionalidade que criamos do zero. Mas às vezes é necessário abortar a missão. E foi isso que o nosso amigo Branson fez quando viu que sua revista não estava mais dando certo. Ele terminou a revista e investiu seu tempo em algo que ele acreditava ser mais alinhado com sua estratégia pessoal. Aqui é importante frisar que ele de fato colocou sua ideia - a revista - em prática e viu que depois de um tempo ela não funcionava mais. O que reforça a ideia de que devemos sim colocar as ideias em prática e ver se elas de fato engrenam ou não.

Mas mais do que saber identificar quando uma ideia não está dando certo, é saber quando ela de fato emplaca e dar o devido foco. Quando seus aprendizados confirmam uma hipótese, dobre o esforço nela e veja os resultados. No caso de Richard Branson, o seu negócio de venda de LPs pelo correio foi um sucesso. Então ele investiu mais forte abrindo uma loja física em Londres. A loja deu certo, então ele abriu mais uma em Liverpool. E daí pra frente foi só sucesso. O que vale salientar aqui é que, no campo da inovação, uma análise profunda não vai levá-lo a lugar algum. O que de fato faz a diferença é a aprendizagem iterativa que se consegue ao longo do processo. Aprendizagem essa que só se obtém tendo uma ideia, falhando, tentando novamente e vendo ela dar certo.

Para finalizar: uma boa forma de verificar se seus objetivos estão de fato sendo atingidos é fazendo uma retrospectiva. Essa prática é bem simples porém bastante efetiva quando levada a sério. Existem vários tipos de retrospectiva, mas o mais clássico tem apenas três perguntas: o que funcionou, o que não funcionou e quais as perguntas que devem ser respondidas. Um livro muito bom sobre este assunto é o Fun Retrospectives, escrito por Paulo Caroli e Tainã Caetano, que contém diferentes tipos de retrospectivas para diferentes situações.

Publicado originalmente aqui.

Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.

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